Fui acolhido em Genebra pela minha mãe, Eliane Lopes, com direito a todas as regalias possíveis. Esse fator facilitou-me bastante a vida, além do fato de ela morar sozinha num "studio" sub-locado. O pior dos problemas de um estrangeiro que põe os pés nessa terra já estava resolvido: a moradia.
Como andar pela cidade, como comprar o "abonamento mensal" para o "bus", ir ao supermercado "Migros" porque é mais barato que "Coop", onde e quais cartas telefônicas comprar para ligar para o Brasil, como se vestir para não ficar gripado, fazer silêncio absoluto a partir das 22h para não incomodar os vizinhos, conhecer a "feira da pulga" (le marché aux puces) em Plainpalais, pegar o jornal gratuito GHI nas quartas-feiras diretamente no edifício deles (também em Plainpalais) ou na "boîte aux lettres" de onde moramos para ver os anúncios de todos os gêneros, qual o melhor ângulo para tirar foto do "Jet d'Eau" e do "Lac Léman", observar e babar pela cor das águas do Rio Rhône, ... enfim, um bombardeio de informações de alta precisão me foram transmitidas por osmose, sem que eu me desse conta.


Por razões familiares, planejou-se meu retorno para o Brasil em julho do mesmo ano. Até chegar o momento de minha viagem, minhas reflexões concentraram-se apenas ao que precisava ser resolvido em Recife e nada mais. Cogitava-se minha volta para Genebra, mas nenhuma expectativa foi por mim criada para dar a volta por cima. Encontrava-me, às vezes, com a seguinte ideologia vagando em minha mente: "sofrimento não existe, a minha forma de raciocinar é que deve ser mudada", ou até mesmo que os dois desastres iniciais em território suíço foram os primeiros de uma série, ou talvez os últimos. A dúvida rodava em minha cabeça: "devo retomar minha vida profissional em hotelaria?".
Pego, então, o avião em Zurique em direção ao "País Tropical", mais precisamente à "Veneza Brasileira" em julho de 2002.
Gilson Lopes
2011_08_16
2011_08_16
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