DE VOLTA A GENEBRA

Piso em Recife e fico estranhando TUDO: o ar, o cheiro, as pessoas falando português ao meu redor, todo mundo sorrindo, a receptividade da minha família e amigos no aeroporto dentre inúmeras outras coisas normais no nosso país porém diferentes em terras estrangeiras.

Fico imensamente feliz por vivenciar a realidade, ora boa, ora ruim, que eu deixei em fevereiro de 2002. Tive a oportunidade de ver o centro do Recife mais cuidado, assim como o Marco Zero: deduzi que o Brasil estava melhorando.

Essa reflexão acima somada com a das desilusões encontradas em Genebra me fizeram deixar um pezinho mais no Brasil que na Europa. Durante um jantar, eu comentei por alto sobre o contexto no qual eu vivia com Tereza Cristina, minha ex-gerente do setor de Hospedagem do antigo Blue Tree Park e com meu ex-chefe direto, meu caro Inaldo Melo. Foi dito e feito: surgiu uma proposta de retomar meu antigo emprego e continuar a tocar o barco no ramo hoteleiro. Não dei nenhuma resposta e voltei com esse carrapato atrás da orelha à casa de minha tia Ecilane Favaro onde fui carinhosamente acolhido, sob coordenação da preciosíssima Tati Favaro (minha querida prima).

O inesperado ocorre alguns dias depois (quase no final de julho): recebo uma ligação da minha mãe diretamente no meu celular - "Filho, eu vou ligar para a casa de sua tia em 30 minutos. Esteja lá sem falta!". Senti que era algo importante, mas sem pista alguma.

Atendo seu telefonema como combinado e recebo as notícias: "Filho, chegaram duas correspondências para você: uma da Université Ouvrière de Genève e outra da Université Populaire du Canton de Genève. Posso abri-las?". -"Claro!", respondi ansioso e já deduzindo que minhas pequeninas portas na Suíça estariam se abrindo. Confirmadíssimo: recebo da UOG a convocação para a primeira sessão de formação para os novos professores voluntários de francês e, da UPCGe, a confirmação de atribuição de classe - português do Brasil iniciante.

Nesse exato momento, relembro que havia entrado em contato com ambas as associações entre abril e junho a fim de dar aulas de francês ou de inglês. Havia refeito meu currículo e ido pessoalmente nos dois lugares sendo inclusive entrevistado. Eu sinceramente nem contava mais com o risco de tornar-me professor em Genebra, mesmo sendo voluntário.

Na UOG, não há aulas de inglês, unicamente francês para adultos como língua estrangeira. Candidatei-me para ensinar francês voluntariamente à noite para um grupo de mais de 20 pessoas apenas uma vez por semana. Essa carta comprovou que essa oportunidade me seria dada porque fui convocado para participar da formação obrigatória. Caramba! Que experiência maravilhosa eu vou ter tanto no ensino de idiomas quanto no fato de conhecer pessoas de nacionalidades diversas. Ser professor de francês em terras helvéticas sem ser francófono e sem ter passado na prova da Aliança Francesa nível B2: essa foi boa!

Na UPCGe, sou gentilmente recebido pela assistente pedagógica, Sandrine Miserez, que me dá uma ideia geral de como funciona a associação que faz rodar em torno de um milhão de francos suíços por ano.
O meu contato telefônico anterior com Catherine Duc (para marcar a entrevista) foi também uma seda. No entanto, pelo fato de ela ter percebido que eu era brasileiro (pensem no meu sotaque recifense arrastado falando francês), ela propos que o ideal não seria dar aulas de francês, mas de português do Brasil em virtude de eu tê-lo como língua materna. Inclusive, não havia mais professores desse idioma na época. Nesse momento, descubro que a UPCGe dá aulas também de outros idiomas.

Uma vez resolvido o que tinha de resolver em Recife, graças à colaboração de minha mãe e de minha tia Ecilane, assim como da força moral recebida por meu pai, reembarco em direção à Suíça com escala em New York (Estados Unidos) para visitar novamente a hoteleira Tammy Watkins, amiga e ex-colega de trabalho no Blue Tree Park Cabo de Santo Agostinho.

Dá-se início a uma nova etapa em minha vida.

Gilson Lopes
2009_12_17

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